sábado, 13 de maio de 2023

O anel que tu me destes

Que anelzinho horrível, mãe! Por que você não joga fora? Está velho, para que serve?

Foi assim que minha filha Raquel reagiu ao ver aquele anel,  no meio de tantos guardados.

Eu sorri. Era algo da minha remota infância,  mas do qual ainda tinha uma ligeira lembrança.

Naqueles dias, houve uma certa comoção na cidade. Um movimento, noticiado na TV ( ainda era a preto e branco), conclamava as famílias a doar ouro para o Brasil.

Lembro de minha mãe e minha avó separando brincos que haviam perdido o par, correntinhas quebradas...qualquer pedacinho de ouro seria usado para pagar a dívida do País. 

E na data marcada, fui com a minha avó Antonia à Praça da República em Catanduva,  interior de São Paulo. Era início da noite, havia uma fila que chegava até a uma urna, no coreto da praça. Lá, eu e minha avó, como as demais pessoas, depositamos nossa doação.

Então recebemos um anel de metal  com a seguinte inscrição: "Doei Ouro Para o Bem do Brasil".

Esse mesmíssimo que a minha filha encontrou na caixa dos guardados.